Decorria o mês de Agosto do ano de 1958 e Portugal era, orgulhosamente, palco do 2º Campeonato do Mundo de Pesca Submarina.
Neste Mundial de Pesca Submarina, estiveram presentes 13 Selecções Nacionais. Os 13 países representados nesta prova, em 1958, foram a Itália, a Espanha, a França, o anfitrião Portugal, a antiga Jugoslávia, Marrocos, o Brasil, a Grécia, Israel, a Inglaterra, o Mónaco, Malta e a Suíça.
Os locais
Sesimbra foi o local escolhido para acolher este certame, muitos anos antes de se tornar interdito à prática da Pesca Submarina com a criação do Parque Marinho Prof. Luiz Saldanha.
Na época, este evento foi considerado de elevada importância a todos os níveis. Como zona de “treinos”, para os atletas participantes neste Mundial e evitar afectar as zonas de prova em Sesimbra, Peniche foi o local disponibilizado pela organização, ao contrário do que acontece actualmente, onde os atletas podem treinar e realizar reconhecimento, antecipadamente, nos locais de prova.
A cerimónia inaugural deste 2º Campeonato do Mundo de Pesca Submarina, junto ao mar, encontrava-se repleta de assistência, com cobertura dos media da altura, com direito a banda e com presença ministerial, as várias selecções desfilaram perante a tribuna de honra e todos os presentes nesse dia.
Tanto durante os “treinos”, como durante a prova, as pessoas conduzidas pela curiosidade do evento e pela importância deste, compareceram em grande número proporcionando um ambiente em torno dos atletas, nunca antes presenciado. Inclusive, durante as provas, existiram espectadores pagantes para seguirem de perto a jornada, em embarcações.
Os Italianos partiam como favoritos para esta competição já que no ano anterior, 1957, tinham arrecadado o título Mundial de Pesca Submarina, tanto individual, com Mario Catalani, como por Selecções, no 1º Campeonato Mundial de Pesca Submarina em Mali Lojinj, na altura na antiga Jugoslávia.
A arma secreta da equipa Italiana para este Mundial, era um novo tipo de fatos para a modalidade, dos quais se diziam maravilhas na altura.
A prova
Último dia de Agosto, dia da prova, os atletas fizeram-se ao mar apoiados por embarcações a remos. Na zona do Cabo Espichel, por entre enormes florestas de laminaria abundantes nessa altura, os atletas sem tempo a perder fizeram-se à água em busca das melhores capturas que os colocassem no pódio final. Um bodião aqui, um sargo ali, as capturas começaram a ser colocadas nos respectivos barcos de apoio e iriam desenhar a tabela classificativa final.
Terminada a prova e de regresso a terra onde mais uma vez bastante público aguardava os atletas, as capturas foram recolhidas, por entre centenas de crianças que levadas pela curiosidade iam aqui e ali dificultando a recolha do peixe, com destino à balança.
Pela balança passaram robalos, safios, bodiões, sargos, uma grande corvina capturada pelo Francês Jules Corman, entre outros exemplares.
No final, a balança ditou como grande vencedor e novo Campeão do Mundo de Pesca Submarina a título individual, o Francês Jules Corman com 69.200 pontos, logo seguido do seu compatriota Henry Roux com 57.05 pontos e no último lugar do pódio, o Italiano Claudio Ripa com 45.175 pontos.
Por Selecções a França sagrou-se Campeã do Mundo de Pesca Submarina, logo seguida da Itália e do Brasil.
Os dois Portugueses que conseguiram classificar-se no Top 10 da classificação foram, Braga Vieira com um 7º lugar e 34.910 pontos e António Gill com um 9º lugar e 31.805 pontos.
De seguida a classificação do Top 10 do 2º Campeonato do Mundo de Pesca Submarina:
Depois da Prova
Após o dia do campeonato, a organização preparou uma visita tauromáquica às comitivas, onde se deslocaram a Salvaterra de Magos para participarem numa picaria e assistirem a uma corrida de touros.
Para o próximo ano, 2018, Portugal irá, pela terceira vez na história de competições mundiais da modalidade, ser o anfitrião da 31ª edição de mais um Campeonato do Mundo de Pesca Submarina em Sagres.
O Vídeo
É possível ver todo este resumo deste certame de 1958 no vídeo seguinte, realizado por Victor de Sanctis, que mostra a participação da comitiva Italiana neste 2º Campeonato do Mundo de Pesca Submarina.
Durante os 25 minutos desta película, além do certame propriamente dito, é possível observar imagens da época, de Sesimbra, Peniche e Salvaterra de Magos. É possível ver o dia-a-dia dos pescadores de Sesimbra que se faziam ao mar para pescar, e já no seu regresso a terra, a recolha do peixe, assim como a romaria da população para se dar início à negociata pelos melhores exemplares, frescos e acabados de sair do mar. Outras situações do quotidiano foram imortalizadas nestas imagens, como o caso do mercado de Sesimbra, Peniche e Salvaterra de Magos em festa, que nos permitem viajar no tempo e conhecer Portugal naquela época.
Classificação: CMAS
Vídeo e Imagens: canal do Youtube do Porto de Setúbal