À conversa com Giorgos Vasiliou

Com o Natal de 2016 à porta, o PortugalSub presenteia os seus seguidores com a sua primeira “viagem” internacional, até à linda ilha de Chipre no mar Mediterrâneo, para mais um capítulo da rubrica “À conversa com…” com a personalidade do momento da Pesca Submarina Mundial.

Com 33 anos, Giorgos Vasiliou, de entre outros títulos conquistados na modalidade, é Campeão Nacional no seu país desde 2010 até à actualidade, já subiu ao pódio numa competição realizada em Portugal em 2013 e é actualmente o Campeão do Mundo de Pesca Submarina. Considera-se uma pessoa muito energética e sempre focada nas actividades e desportos que adora, pratica Pesca Submarina sempre que pode e considera que os Portugueses se preocupam muito com esta modalidade pelo que guarda boas memórias da competição que participou em terras lusas em 2013, o que lhe aguça a expectativa para 2018 onde tem como objectivo participar e revalidar o título de Campeão do Mundo de Pesca Submarina em Sagres, Portugal.

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Giorgos aceitou o convite realizado pelo PortugalSub em participar nesta rubrica, tendo demonstrado disponibilidade em responder às questões que lhe foram realizadas, revelando alguns dos momentos que lhe marcaram a vida neste desporto, de todos nós, do qual se considera um apaixonado.

Como e quando começou a história de Giorgos Vasiliou na Pesca Submarina?

Eu amo o mar desde a minha infância. Enquanto as outras crianças jogavam futebol, eu estava sempre no mar explorando as profundezas. Finalmente, com 23 anos de idade comecei a Pesca Submarina como desporto.

Como encaixa a Pesca Submarina na sua vida do dia a dia?

Eu quero passar tanto tempo quanto possível a pescar, tanto para treino de preparação como para a minha própria satisfação. Na verdade, somente pratico durante os fins-de-semana devido ao meu trabalho.

Com que frequência pratica a Pesca Submarina?

Eu gostava de ter mais tempo para pescar. Eu trabalho numa empresa privada e saio do trabalho tarde, pelo que não me é possível um treino de Pesca Submarina e uma interacção com o mar, adequados. Eu somente consigo treinar durante o meu tempo livre que é durante os fins-de-semana. Por vezes, devido ao mau tempo ou a outros compromissos, também não me é possível praticar. Tendo treino uma vez por semana, quando possível, não é suficiente para mim. O meu sonho seria ter mais tempo para praticar a Pesca Submarina, pois com treino mais adequado conseguiria melhorar a minha competitividade ainda mais.

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Qual é a técnica de pesca em que o Giorgos se sente mais confortável a executar?

Eu sinto-me confortável com todas as técnicas de Pesca Submarina. Baseado nas águas, do peixe para capturar, da profundidade e do fundo do mar, eu escolho a que mais se adequa. As minhas favoritas são a emboscada no fundo com espera (deep trap) e a emboscada à índio.

Qual a profundidade máxima que já pescou e qual a que se sente melhor a pescar?

A minha captura mais profunda foi no 30º Campeonato do Mundo de Pesca Submarina aos 58 metros. Eu especializei-me em pesca profunda, mas normalmente pratico entre os 30 e os 40 metros pois é uma profundidade segura para treinos e Pesca Submarina.

Gostaríamos que nos contasse um pouco da história do maior susto que o Giorgos já experienciou a praticar a modalidade e o que poderia ter feito para o evitar?

À alguns anos atrás, enquanto estava a mergulhar, vi um peixe e segui-o para dentro da seu buraco. Com todo o meu corpo dentro do buraco continuei a seguir o peixe. O buraco estava a 33 metros. Quando eu perdi o peixe, percebi que estava preso dentro do buraco. Não conseguia encontrar a saída. Estava assustado mas continuei calmo. Felizmente eu encontrei a saída para regressar à superfície. Desde esse dia, eu evito tais circunstâncias e sou mais cuidadoso para estar seguro desde o início.

Qual é a espécie de peixe preferida do Giorgos para capturar e porquê?

Eu prefiro o mero branco. Em Chipre, não temos muitos meros brancos mas por vezes são encontrados e é um peixe difícil de abordar e disparar.

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Conte-nos um pouco da história da sua maior captura até aos dias de hoje.

O meu maior peixe foi à alguns anos atrás e foi um Lírio de 30 kg. Outro grande peixe foi um mero de 21 Kg que capturei durante a 8ª Liga dos Campeões de Pesca Submarina em Limnos, Grécia em 2014. Este foi um peixe muito importante dado que nos guiou ao sucesso.

Conte-nos um pouco da história da captura que mais prazer lhe deu capturar, até aos dias de hoje.

Foi o primeiro grande mero que capturei no início da minha actividade de Pesca Submarina. Apanhei este mero no Chipre com cerca de 8 Kg.

O que seduziu o Giorgos para enveredar pela Pesca Submarina de competição?

Eu adoro a Pesca Submarina, eu sinto-me confiante com as minhas habilidades e eu sei que sou capaz de me sair bem nas competições locais e internacionais. Eu gosto da competitividade. O meu sonho era participar num Campeonato do Mundo. Assim o fiz, em Setembro de 2016, e estou muito orgulhoso de ter conseguido o 1º lugar na minha primeira participação na competição mais importante de Pesca Submarina.

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Qual, quando, e como decorreu a sua primeira prova oficial na modalidade?

A minha primeira competição foi no Campeonato Pan-Cipriota em 2006, onde consegui um 2º lugar.

Pedíamos ao Giorgos para descrever o que sentiu na primeira vez que representou o seu país numa competição internacional e qual foi essa competição?

A minha primeira participação numa competição oficial de Pesca Submarina foi na 7ª Liga dos Campeões de Pesca Submarina em Kastellorizo, Grécia em 2008, onde consegui a 2ª posição. Estava bastante contente e excitado uma vez que ia para a minha primeira competição internacional. Por outro lado, senti muito stress uma vez que foi a primeira vez que representei o meus país e queria dar a minha melhor performance.

O Giorgos é apoiado pela XT Diving Pro. Como surgiu esta oportunidade e na sua opinião como este tipo de parcerias podem ajudar um atleta de competição?

Quando a XT Diving Pro foi criada, eu falei com o dono pois eu estava interessado em comprar alguns produtos. Mais tarde, Tasos Chalaris, o dono, acreditou nas minhas habilidades e potencialidades dadas as minhas boas prestações em competições anteriores e começou a patrocinar-me. Nós também criámos uma amizade muito boa. Quanto ao patrocínio, o XT Diving Pro cobre parte das despesas nas minhas participações nas competições internacionais e sem a menor dúvida é muito útil e importante para um atleta ser ajudado nas despesas para a participação em provas internacionais, pois são muitas e é extremamente difícil para um atleta cobrir todas as despesas sozinho.

À medida que o Giorgos foi crescendo na modalidade, calculamos que à semelhança de todos os jovens, teve os seus ídolos, quais foram eles?

O meu ídolo foi o mergulhador de esponjas Grego Stathis Chatsis da ilha de Simi, que a 16 de Julho de 1913 quebrou o record de mergulho livre sem recorrer a qualquer equipamento de mergulho (máscara de mergulho, fato de mergulho ou barbatanas, por exemplo), utilizando somente uma pedra com 15 Kg (para mergulhar mais rápidamente), ele mergulhou a 88 metros de profundidade em 3 minutos e 58 segundos. Ele não mergulhou com o objectivo de quebrar o record mas para ajudar o navio de guerra Italiano, chamado Regina Margherita, que perdeu a sua ancora em Karpathos. O facto de ele ter mergulhado sem fato e ferramentas de mergulho tão profundo é mesmo notável.

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O Giorgos já participou em diversas competições nacionais e internacionais, pelo que gostaríamos de questionar que momentos destacaria da sua carreira de competição e porquê?

Nas competições internacionais que participei, eu destaco todos os momentos!! Desde o início – quando eu começo a preparar o meu equipamento e a bagagem para a minha viagem -, o período de preparação – como eu exploro a busca profunda pela minha captura -, os dias da competição oficial – quando surgem muitas emoções -, as pesagens e claro a cerimónia final. Quanto às competições nacionais, eu tenho sempre o entusiasmo e participo sempre com paixão dado que em cada competição eu dou o meu melhor esforço para ter o melhor resultado.

Ganhar o Campeonato do Mundo de Pesca Submarina, no passado Setembro, em Syros, Grécia, foi o ponto mais alto da sua carreira?

Claro que sim, este foi o ponto mais alto da minha carreira. O objectivo e o sonho de qualquer atleta é participar na maior e mais importante competição do seu desporto e o maior sucesso e satisfação é conseguir a primeira posição.
Claro que me sinto orgulhoso e satisfeito com todos os meus prémios anteriores. O primeiro lugar na 8º Liga dos Campeões de Pesca Submarina em Limnos, Grécia em 2014. O segundo lugar no Primeiro Atlantic International Master em Peniche, Portugal em 2013. A segunda posição na 7ª Liga dos Campeões de Pesca Submarina em Kastellorizo, Grécia em 2008. Também o facto de que desde 2010 até hoje detenho o título do Campeonato Cipriota.

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Gostaríamos que nos desvendasse um pouco do treino de preparação que o Giorgos realiza antes de uma competição importante?

Como já mencionei, infelizmente, devido ao meu trabalho não tenho muito tempo para um treino de preparação conveniente. Somente vou caçar durante os fins-de-semana dependente das condições do tempo e outras obrigações. Quando eu participo numa competição internacional, eu visito o sítio cerca de 10 dias antes da competição para me ambientar com o mar e me preparar. Não tenho a oportunidade para visitar o sítio mais cedo devido às obrigações financeiras e profissionais.

Quando começou a preparação do Campeonato do Mundo de Pesca Submarina em Syros, quais eram as suas expectativas?

Eu quis participar no 30º Campeonato do Mundo desde o dia em que a CMAS anunciou que esta competição iria ter lugar. O meu país somente deu luz verde para a participação em Maio de 2016. Depois disso eu dei todos os meus esforços para me preparar e tentar usar todo o meu tempo livre para a Pesca Submarina. Eu ia ao ginásio, fiz bicicleta e yoga para conseguir uma boa condição física.
Para ser honesto eu estava confiante e esperava conseguir uma boa posição. Claro que o meu sonho e esperança era ser o primeiro. Eu acreditava nas minhas possibilidades mas por outro lado eu sabia que seria um Campeonato muito competitivo com atletas muito competitivos.

Quanto tempo teve em Syros para preparar o Campeonato?

Eu tive 8 dias para preparar e explorar o fundo e encontrar as minhas possíveis capturas. Eu fui para Syros no dia 5 de Setembro e no dia seguinte comecei a explorar o fundo com a sonda pois estava doente e não consegui mergulhar por dois dias. Os próximos seis dias senti-me melhor e fui capaz de mergulhar e explorar o fundo. Com uma melhor preparação eu teria sido capaz de encontrar mais peixes e ser mais confiante. Eventualmente eu encontrei as capturas que me colocaram na primeira posição e me deram o honroso título de Campeão do Mundo.

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Como se sentiu quando a organização anunciou Giorgos Vasiliou como o novo Campeão do Mundo?

Eu estava muito orgulhoso. Eu senti-me contente e satisfeito. Foi um grande sucesso concretizar o meu sonho.

Algumas pessoas da comunidade de Pesca Submarina criticaram a escolha de Syros para acolher o XXX Campeonato do Mundo de Pesca Submarina, por causa das grandes profundidades necessárias para apanhar algum peixe, profundidades que eram propícias a acidentes e perigosas para os Pescadores Submarinos. Algumas histórias sobre acidentes com algumas equipas foram mesmo ouvidas durante o Campeonato. Qual é a sua opinião sobre este assunto?

O 30º Campeonato do Mundo de Pesca Submarina em Syros foi uma das competições de Pesca Submarina mais difíceis. Foi um Campeonato muito exigente muito competitivo. É uma realidade que os peixes estavam muito profundos e o facto de que muitos atletas se encontravam na ilha a treinar durante meses espantou os peixes ainda mais, levando-os para águas ainda mais profundas. Em tais circunstâncias, como em qualquer competição, o atleta tem de ser muito cauteloso e seguir todas as medidas e precauções de segurança.

Como era vista a Pesca Submarina em Chipre antes de ganhar o título de Campeão do Mundo? E depois?

Em Chipre, a Pesca Submarina não é muito popular como desporto, como acontece em outros países. Este factor não dá a oportunidade aos atletas com potenciais elevados de seguirem o desporto e treinar de acordo com essas potencialidades. Por esta razão, nós não temos muitos atletas profissionais na Pesca Submarina. Por exemplo, em competições internacionais eu noto que atletas de outros países participam com o apoio de Associações Desportivas dos seus países, pessoal médico e treinadores. Os atletas Cipriotas tem de cobrir as suas próprias despesas para participar em tais competições. Portanto, a maioria dos Cipriotas fazem Pesca Submarina como hobby ao invés de desporto. Agora com este grade sucesso, espero que a situação anterior melhore e que tenhamos mais apoios.

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Na opinião do Giorgos, qual é a chave para o sucesso neste desporto?

Estabelecer objectivos e ser focado em tentar dar o teu melhor para os atingir. Durante a competição tens de te manter calmo, ter um plano baseado nas preparações de pesca e nos peixes que conseguiste identificar e baseado neste plano fazer cada mergulho seguindo a técnica mais adequada.

Alcançou o segundo lugar no 1º Atlantic Spear Fishing International – Master Open em Peniche, 2013, e quinto lugar no 1º Atlantic Spear Fishing Hunger Games – Open Triples, também em Peniche em 2013. Conte-nos como foi a sua primeira experiência em águas Portuguesas.

Foi a segunda vez que participei numa competição internacional. Esta foi uma grande experiência para mim. Também consegui alcançar bons resultados o que me deixou orgulhoso. A competição em Portugal foi muito bem organizada. Os Portugueses preocupam-se muito com a Pesca Submarina e por esta razão vocês organizaram uma competição perfeita oferecendo boas memórias a todos os atletas.

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O próximo Campeonato do Mundo de Pesca Submarina, em 2018, terá lugar em Sagres, Portugal. Virá a Portugal como Campeão do Mundo em título, quais são os desafios que pensa encontrar que lhe dificultarão a renovação do título?

O meu objectivo é participar no próximo Campeonato do Mundo que terá lugar em Portugal. É um grande desafio segurar novamente o título de Campeão Mundial e esse é o meu próximo objectivo. Nessa competição todos os atletas bem conhecidos e talentosos irão participar pelo que terei de dar o meu melhor, pois sei que será muito competitiva.

O Giorgos já teve a oportunidade de pescar em outros países, pelo que gostaríamos que nos contasse em que países já pescou e os compare um pouco com as suas águas em Chipre?

Eu já cacei em algumas ilhas Gregas e as águas são semelhantes às águas de Chipre. Também já pesquei em Portugal e Espanha onde encontrei águas verdes, nebulosas, com corrente e visibilidades mínimas.

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Que Pescadores Submarinos o Giorgos conhece? Fale-nos um pouco sobre eles.

Alguns Pescadores Submarinos Portugueses que conheço são o Matthias Sandeck, André Domingues, Jody Lot e Pedro Domingues. Inicialmente eu conheci-os no Primeiro Atlantic International Master em Peniche, Portugal em 2013. Também encontramos-nos novamente e falámos bastante durante a Campeonato do Mundo em Syros, 2016. São atletas muito bons com muito talento e boa personalidade.

Qual é a sua opinião global sobre os Pescadores Submarinos Portugueses? Temos bons em Portugal?

Vocês têm muita gente que adora a Pesca Submarina e fazem-na como hobby ou como desporto. Vocês têm Federações de Pesca Submarina bem organizadas e Pescadores Submarinos muito bons e talentosos. Eu participei no Primeiro Atlantic International Master em Peniche, Portugal em 2013 e foi uma competição muito bem organizada o que mostra que vocês se importam muito com o desporto.

Na sua opinião, qual é a principal qualidade que faz um bom Pescador Submarino?

Cada Pescador Submarino, cada atleta na Pesca Submarina e cada pessoa que ama o mar tem de respeitar e proteger o mesmo, mantê-lo limpo e em geral respeitar o ambiente, tanto a fauna como a flora.

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Que conselhos e mensagem o Giorgos gostaria de transmitir a quem está a começar a Pesca Submarina?

Têm de ter muito cuidado dado que é um desporto de risco. Têm de ter um curso necessário e seguir sempre as regras de segurança. Nunca devem mergulhar sozinhos. Também, se querem mesmo ter sucesso neste desporto, têm de ser leais/devotos a ele.

A equipa do PortugalSub agradece uma vez mais ao Giorgos pela sua disponibilidade, simpatia e cooperação para nos dar a conhecer um pouco mais de si e da sua ligação a esta modalidade de todos nós, através desta entrevista. Obrigado Giorgos Vasiliou.

Imagens: Giorgos Vasiliou  e pescasubmarinatelevision

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