À conversa com Pedro Domingues

Quase dois meses volvidos após o XXX Campeonato do Mundo de Pesca Submarina, Syros 2016, o PortugalSub esteve “À conversa com…” um dos atletas integrantes da comitiva da Selecção Nacional que participou neste duro Campeonato, 5º lugar individual no XXIX Campeonato do Mundo de Pesca Submarina no Peru, em 2014, Vice-Campeão Mundial por equipas nesse mesmo Campeonato, participação assídua, nos últimos anos, nas representações da Selecção Nacional pelas diversas competições internacionais que a equipa participou e atleta da equipa Portuguesa de uma marca conceituada no mundo da Pesca Submarina.

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Actualmente atleta de competição de Pesca Submarina, Pedro Domingues, 33 anos de idade, saboreou a paixão desta modalidade às portas da adolescência e desde então, sempre que lhe é possível e as condições favoráveis se reúnem, é possível encontrá-lo envolto em água salgada a praticar o desporto que tanto prazer lhe confere.

O PortugalSub lançou o desafio ao Pedro de lhe colocar algumas questões, o qual aceitou prontamente, para desta forma partilhar com a comunidade a sua história, momentos e opiniões sobre esta paixão que todos partilhamos.

Como e quando começou a história do Pedro Domingues na Pesca Submarina?

A pesca submarina para mim começou aos 14 anos após o meu pai falecer, mas a ligação ao mar vem desde miúdo, já pescava com cana nas férias em Setúbal.

Com que frequência pratica a Pesca Submarina no seu dia a dia?

Faço Pesca submarina sempre que o mar permite.

Nas águas nacionais, qual a zona preferencial do Pedro para pescar e porquê?

A nível nacional continental gosto da zona de costa de Sines até Sagres, pela diversidade de espécies e tipos de pesca que permite.. Incluindo as ilhas a escolha recai sobre a Madeira, pelas aguas limpas.

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Qual é a técnica de pesca que o Pedro se sente mais confortável a executar?

Gosto de todas as técnicas de pesca, mas depende muito do tipo de peixe, e das condições do dia e da zona.

Gostaríamos que nos contasse um pouco da história do maior susto que o Pedro já experienciou a praticar a modalidade e o que poderia ter feito para o evitar?

Dentro de agua tive 2 grandes sustos, um foi um dia que entrei à barbatana na costa norte de sines com o mar razoável e um dia um pouco nublado e saí debaixo de uma trovoada enorme com raios a cair a uns 100 metros de mim. A outra situação foi ter ficado à derivada uma noite no meio do mar na Madeira, em cima do casco do barco com o meu amigo Tomás Freitas, onde acabamos por ser resgatados no dia seguinte.

Qual é a espécie de peixe preferida do Pedro para capturar e porquê?

Ainda tenho um gosto especial por apanhar um mero (infelizmente em Portugal já não podemos pesca-los), mas gosto muito de pescar tanto robalos grandes, como douradas, pargos, corvinas, etc. Quanto mais difícil mais gosto me dá.

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O que seduziu o Pedro para enveredar pela Pesca Submarina de competição?

O que me fez quer experimentar a competição foi o querer evoluir, e tentar superar-me. A competição é uma escola excelente, agora tal como em tudo na vida temos que saber ouvir e captar o que interessa.

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Qual, quando, e como decorreu a sua primeira prova oficial na modalidade?

A primeira prova oficial pelo que me lembro foi em Porto Covo, correu mal pois ao final de uma hora e pouco estava fora de agua porque tinha vomitado. Ainda assim consegui passar ás 2as categorias.

Pedíamos ao Pedro para descrever o que sentiu na primeira vez que representou Portugal numa competição internacional e qual foi essa competição?

A primeira competição internacional foi o campeonato euro-africano na Argélia em 2009, foi uma grande felicidade chegar aquele patamar, ainda que como suplente. Era um dos meus objectivos quando comecei a competir.

O Pedro já participou em diversas competições nacionais e internacionais, pelo que gostaríamos de questionar que momentos destacaria da sua carreira de competição e porquê?

Há um momento que gostei bastante porque foi um conquista colectiva, foi o titulo de vice-campeões do mundo por equipas, em 2014, no Peru. Foi uma prova dura e onde mais uma vez tivemos que lutar com carência de meios face a outras selecções, mas ainda assim conseguimos superá-los.

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Qual foi o ponto alto da sua carreira de competição, que considera ter atingido, até aos dias de hoje?

Ponto alto até hoje, penso que o 5° lugar individual no mundial do Peru.

Segundo o Pedro, qual é a sua chave para o sucesso nesta modalidade?

Persistência, dedicação e garra, a meu ver são fundamentais neste desporto.

Gostaríamos que nos desvendasse um pouco da preparação que o Pedro realiza antes de uma prova importante?

A preparação para uma prova para mim depende da minha disponibilidade, pois gosto de preparar com antecedência, tanto a nível físico, logística, técnico e táctico. Mas tal como disse depende muito do tempo que tenho disponível.

O Pedro fez parte da Equipa Nacional que esteve a disputar o XXX Campeonato do Mundo de Pesca Submarina 2016 em Syros, Grécia. Conte-nos como a Equipa Nacional e o Pedro viveram essa competição?

O campeonato do mundo na Grécia, foi visto por toda Selecção Portuguesa com uma muito baixa expectativa. Enquanto a nossa federação continuar a passar o fardo das despesas de preparação para os atletas, será difícil a Selecção encarar as competições internacionais com optimismo.

Grande parte da comunidade Portuguesa, e não só, de Pesca Submarina criticou fortemente a Confederação Mundial de Actividades Subaquáticas (CMAS) de ter permitido a realização do Mundial 2016 em Syros, dado a escassez de peixe verificada a profundidades acessíveis à maioria dos Pescadores Submarinos, tornando desta forma este Campeonato propício a acidentes. Na opinião do Pedro, faz sentido esta posição por parte da comunidade?

Faz sentido a posição da comunidade relativamente à zona escolhida para o campeonato do mundo, porque pelo que todas as pessoas falavam todas as ilhas em redor daquela tem muito mais peixe e mais baixo.

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Durante a partida e regresso, da Equipa Nacional, da epopeia algo atribulada que foi o XXX Campeonato do Mundo de Pesca Submarina, Syros 2016, constatou-se uma fraca afluência de apoiantes da Selecção ao aeroporto, contrastando com o que acontece com outras modalidades. Na opinião do Pedro, porque isso sucede e o que se poderia fazer para mudar esse cenário?

A falta de apoio à selecção a meu ver é uma questão de cultura. Não se vê isto só na pesca submarina mas em outros desportos também, só com o futebol é diferente. Neste aspecto países como Espanha equilibram mais este apoio outros desporto que não o futebol.

A Pesca Submarina em Portugal é uma modalidade praticamente desconhecida do público em geral. Actualmente, esse desconhecimento resulta em diversas consequências para a modalidade que acabam por se manifestar em falta de apoios. Na opinião do Pedro onde pode residir esse problema e o que poderia ser feito para o atenuar?

Para mudarmos o facto da pesca submarina ser um desporto tão pouco conhecido em Portugal, temos que mudar as mentalidades e deixar de ser tão individualistas, deixar de olhar tanto para o nosso umbigo, e deixar de querer ser o melhor lá do bairro e lutar para sermos um todo.

O Pedro faz parte da equipa da Cressi em Portugal. Como surgiu esta oportunidade e como este tipo de parcerias podem ajudar um atleta de competição?

A oportunidade de integrar a equipa da Cressi surgiu pelas mãos do representante em Portugal, Sr. Alvaro Almeida e o filho, Sr. Paulo Almeida. O patrocínio para um atleta de competição é um suporte bastante importante, principalmente quando temos o apoio de uma marca como a Cressi que tem tantos anos de experiência no ramo.

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Na opinião do Pedro, temos bons Pescadores Submarinos em Portugal em bom número?

Para mim estamos com uma grande carência de pescadores submarinos de competição com qualidades, aliado a isso existe pouca camada jovem para não dizer nenhuma. Temos muito bons pescadores submarinos em Portugal, é pena a nossa federação não motivar as pessoas.

Que conselhos e mensagem o Pedro gostaria de transmitir a quem está a começar a Pesca Submarina?

Para quem se inicia, tirem um curso de apneia, vão sempre acompanhados, e experimentem um dia a competição porque se aprende e o ambiente é muito bom.

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A equipa do PortugalSub agradece ao Pedro a sua disponibilidade para nos dar a conhecer um pouco mais de si, as suas histórias e da sua ligação a esta modalidade de todos nós. Obrigado Pedro Domingues.

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