Um dos problemas mais comuns, de alguém que se está a iniciar na modalidade, é a realização da montagem de arma de Pesca Submarina. É necessário proceder à montagem quando a arma não possui a montagem feita de fábrica, ou porque se perdeu ou é necessário substituir um arpão, ou por outra razão. A montagem permite a utilização da arma na actividade, pois sem montagem não haveria possibilidade de recuperação de um arpão disparado a um peixe, pelo menos nas cerca de 90% das vezes em que o peixe não fica imobilizado com o tiro, ou seja, por outras palavras a montagem é a fixação do arpão à arma de Pesca Submarina.
Existem inúmeras formas de proceder à montagem, cada uma delas dependente do gosto e experiência de cada pescador, mas sendo um processo importante e uma vez que sem a ajuda de alguém com alguma experiência torna-se complicado a um iniciante a realização deste processo, o PortugalSub procura assim descrever um dos processos mais utilizados entre os Pescadores Submarinos para a realização da montagem de arma de Pesca Submarina.
Montagem de arma de Pesca Submarina
https://vimeo.com/1719330
O vídeo anterior, em Espanhol do Victor Rodriguez, demonstra passo a passo o processo de montagem numa arma de Pesca Submarina, mais especificamente numa arma de 60 cm com carreto acoplado. Apesar de ser demonstrada a montagem numa arma de 60, este processo pode ser adaptado para armas de outras medidas e também ser alvo de alterações mediante o gosto e experiência do pescador que a realiza.
O Processo
O processo demonstrado no vídeo tem início com a acoplação do carreto na arma seguido pela passagem do fio, em dyneema de 1,5 mm, pelo respectivo passador de fio na cabeça da arma. Normalmente as cabeças de armas de Pesca Submarina dos vários fabricantes possuem, apesar de distintos de marca para marca, um passador para o fio do carreto. Caso esse passador não exista, então inicia-se a montagem no fio que vem directamente do carreto.
O passo seguinte no processo demonstrado é a montagem do tensor elástico (ou mini Bungee amortecedor como também é conhecido), que recorrendo a um destrocedor e a um elástico próprio, se constrói no próprio fio de dyneema, proveniente do carreto, para ajudar no processo de armar a arma e também trabalhar o peixe quando capturado.
No mercado existem tensores elásticos de várias formas e tamanhos e é possível adquirir estes para acoplar o fio proveniente do carreto com o fio do arpão. A utilização de tensores elásticos nas montagens deve ser deixado ao critério e experiência de cada pescador, mas por regra geral, para armas com carreto, o mesmo pode ser dispensável ficando a cargo do carreto a substituição das funções deste. Quando não se utiliza carreto na arma, a montagem ficará fixa em fixador próprio, que muitas vezes é o passador do fio do carreto, existente na cabeça da arma.
No vídeo não é muito perceptível a criação dos nós constrictores para a fixar o elástico do tensor ao fio dyneema, pelo que é possível observar em mais detalhe a sua criação aqui.
No passo seguinte pode-se observar a montagem do monofilamento de nylon no arpão, que posteriormente irá ligar ao tensor criado. Mais uma vez a espessura do monofilamento deve ser deixado ao critério do pescador, sendo que 1,5 mm ou 1,6 mm são os mais utilizados para a maioria dos cenários nas águas costeiras do continente Português.
Surge muitas vezes a pergunta sobre o porquê da utilização do monofilamento para fixar o arpão e porque não utilizar directamente o fio dyneema do carreto ao arpão, ou mesmo porque não usar monofilamento directamente no carreto. Utilizar-se directamente o fio dyneema do carreto para fixar o arpão não apresenta qualquer problema e até existem pescadores que o utilizam desta forma, a vantagem é que o monofilamento é mais resistente à abrasão com o fundo do mar e com o próprio arpão. Sendo também o monofilamento um fio com “memória”, facilita o processo de armar a arma, mais especificamente no arrumar do fio ao redor da mesma, pois à medida que se utiliza, este vai-se moldando e ganhando as formas da arma. O inverso, ou seja, a utilização somente de monofilamento no carreto, já é um procedimento complexo, pois sendo o monofilamento um fio com “memória”, geraria graves problemas no processo de enrolar e desenrolar o fio do carreto, tornando-o quase imanejável ao longo do tempo.
Para fixar o monofilamento ao arpão e depois ao tensor, recorre-se à utilização de sleeves para criar argolas de fixação. Os sleeves devem de ser de diâmetro superior ao monofilamento utilizado, idealmente 0,1 ou 0,2 mm acima da medida do fio para permitir uma passagem fácil do fio no sleeve. No vídeo pode-se observar o processo de colocação dos sleeves com um cravador de sleeves próprio, esta utilização é a ideal mas em caso de não ser possível o acesso a um cravador destes, é possível cravar os sleeves com recurso a um alicate comum fazendo força (nem de menos nem de mais para evitar causar o corte do sleeve) com a zona de corte nas extremidades do sleeve. Também é importante queimar a ponta do monofilamento, como demonstrado no vídeo, antes de cravar o sleeve para desta forma dificultar a passagem do fio pelo sleeve depois de cravado, pois quando queimado, o monofilamento vai engrossar de forma esférica na sua extremidade.
Na montagem do monofilamento existem duas questões comuns, qual o tamanho ideal para o monofilamento, que vai fixar o arpão ao fio proveniente do carreto, e o tamanho para a argola criada para fixar o arpão. Relativamente ao tamanho da argola que fixa o arpão, depende do arpão e do punho/mecanismo utilizado, ou seja, a medida apresentada no vídeo pode não funcionar em punhos com mecanismos diferentes, pelo que é essencial experimentar que o arpão arma convenientemente no mecanismo antes de cravar finalmente o sleeve. A segunda questão, mais uma vez, deve ser deixada ao critério e experiência de cada pescador, mas em regra geral, para armas com carreto, o tamanho ideal será de uma volta completa de monofilamento (entende-se por volta completa quando o fio proveniente da cabeça dá a volta ao pendente de fio junto ao/no punho e volta em direcção à cabeça da arma) e fixa no fio proveniente do carreto (no vídeo usam-se duas voltas). Quando estas armas não possuem carreto, ou então são equipadas com dois elásticos para tiros mais compridos, aí, dependendo das situações, devem-se aumentar o número de voltas de monofilamento.
Com a montagem finalizada, a arma está pronta para ser utilizada e realizar boas capturas sempre que o mar permitir.