Um mal entendido segundo Pedro Lino

Depois da tentativa, do PortugalSub, de contacto, para a redacção do artigo “Artigo no Sul Informação gera indignação na comunidade de Pesca Submarina“, com o Doutor Pedro Lino, investigador do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que se viu envolvido numa forte contestação por parte da comunidade de Pesca Submarina no seguimento das declarações que proferiu ao Sul Informação durante uma acção de libertação de meros em águas Algarvias, o PortugalSub foi contactado pelo próprio Doutor Pedro Lino que se mostrou receptivo e disponível para responder às questões do PortugalSub.

Um mal entendido das palavras que constam no artigo do Sul Informação, é a conclusão a que chega o Doutor Pedro Lino, pois a intrepertação dessas declarações não correpondeu à sua intenção dado que nada tem contra a comunidade de Pesca Submarina, pelo contrário, conta com a sua colaboração.

Quando o Doutor Pedro Lino teve conhecimento das críticas que inundaram as redes sociais qual foi a sua reacção?

Obviamente fiquei chocado porque não foi isso que eu afirmei, não era essa a minha intenção e não referi em lado nenhum que os caçadores eram os responsáveis e obviamente que se tivesse a referir aos caçadores que apanhavam meros, não seriam os caçadores que estão a caçar legalmente, os mergulhadores nem sequer podem usar armas, nem sequer tê-las no barco, quanto mais andar a caçar, e os caçadores sabem perfeitamente que o mero é uma espécie protegida portanto não andam a caçar essa espécie. Aliás eu já referi por email ao Presidente da Associação de Caça Submarina (APPSA) e ao meu colega João Pedro Barreiros, esta acção era para ser feita também com a comunidade da Caça Submarina, aliás estava convidado para o dia seguinte, a esta libertação, o Jody Lot que ia precisamente apelar também à comunidade da Caça Submarina para se observar estes peixes porque os caçadores e os mergulhadores são as únicas pessoas que os vêem vivos e aliás por isso é que também estávamos a trabalhar com Associação de Armadores da Pesca do Polvo, porque são os que trabalham com os covos portanto um peixe que entre para dentro de um covo tem hipótese de ainda se safar com vida, obviamente que os que são apanhados nas redes difícilmente ainda estarão vivos quando chegam à superfície. Portanto a minha ideia é trabalhar com as pessoas que me podem dar informação e que podem contribuir para este estudo, pois as outras é bom que me reportem os peixe quando os apanham, já mortos, aliás já apareceram uns quantos, infelizmente, pois já não podem fazer nada pois o peixe está morto na malha.

Isto basicamente foi uma má interpretação das minhas palavras, pronto, que eu já percebi que há aqui um problema com a caça por causa da discriminação que há em relação às leis, que são umas leis para uns e umas leis para os outros, obviamente não me estava a referir aos caçadores que o fazem conscienciosamente.

Relativamente a este mal entendido, que não esperava que acontecesse, perguntava se gostaria de deixar uma mensagem à comunidade de Pesca Submarina?

Interessante, precisamente para esclarecer este mal entendido criei uma conta no Facebook apenas para responder aos comentários do Sul Informação, que estão lá registados, nem sequer utilizo o Facebook mas criei a conta de propósito para responder e para esclarecer. Mas a mensagem que quero dizer é que eu gostava de contar com a colaboração dos caçadores, porque além dos mergulhadores são as pessoas que os observam debaixo de água, vivos, e que poderão dar a informação se os peixes estão-se a adaptar, se os observaram noutros locais com vida. Aliás eu transmiti isto que lhe estou a dizer por telefone, enviei por email no próprio dia ao Sr. Presidente da Associação de Caça Submarina (APPSA), mas ele infelizmente não publicou esse email que eu enviei. Mas pronto essa é a ideia que eu quero passar, que não estou de modo algum contra a comunidade da Caça Submarina, nem sequer percebi porque é que ficaram ofendidos porque as minhas afirmações não eram nesse sentido, mas visto que houve este mal entendido e gostava de contar com a colaboração dos caçadores, pronto estou-me a dar a este trabalho de esclarecer, entrei em contacto directamente com as pessoas que publicaram essas notícias, para esclarecer que não era essa a minha intenção e não foi isso que eu escrevi, aliás já fiz a ressalva que não foi um mal entendido do jornalista que me entrevistou, aliás o que foi mal entendido foi da parte dos caçadores, o jornalista não entendeu mal, o que ele escreveu lá de facto está correcto, eu estou a falar dos caçadores… Eu já percebi que a comunidade da Caça Submarina se quer separar, e com toda a justiça obviamente, das pessoas que andam de baixo de água a apanhar tudo o que podem. Eu trabalho aqui no Algarve, nós temos aqui a Ria Formosa e nós sabemos que há pessoas debaixo de água a apanhar tudo o que rende algum dinheiro, desde cavalos marinhos, lingueirões, portanto eu tenho bem noção que é um trabalho um bocado difícil para quem se orgulha da Caça Submarina conseguir separar-se desses piratas que andam debaixo de água, desses predadores, e percebo que foi por isso que ficaram ofendidos mas não foram essas as minhas palavras, aliás o artigo eu acho que está bastante bem escrito, não menciona nesse sentido.

Durante a conversa, o Doutor Pedro Lino, fez também questão de agradecer o artigo anteriormente publicado pelo PortugalSub, ressalvando somente um ponto que não achou correcto, uma palavra que o PortugalSub utilizou que não correspondia às palavras do mesmo.

Eu agradeço a vossa notícia, eu acho que está bastante isenta apesar de haver uma frase que lá está que não está correcta que eu não afirmo que os caçadores são os que maioritariamente, nunca utilizei essa palavra e no vosso artigo está lá essa palavra maioritariamente, eu nunca utilizei essa palavra e não considero que isso seja verdade por que eu trabalho em pesca portanto eu tenho noção dos dados das pescas, dos desembarques das pescas, que há desembarques de meros, não faço qualquer confusão sobre esse assunto. Não foi essa a minha intenção e não foi isso que eu disse e gostava que ficasse esclarecido.

O parágrafo em causa, que o PortugalSub transcreve de seguida para o devido esclarecimento, era o seguinte:

“Em outra das citações, Pedro Lino menciona que uma das problemáticas para a redução do número de espécimes, que se tem verificado, está relacionado com o comportamento destes que se aproxima dos mergulhadores e caçadores Submarinos, sendo esta a causa maioritária para o seu fim.

“«A costa do Algarve é uma zona com pesca intensa e, depois, como é um predador de topo, existe em baixa densidade e não tem medo de outros predadores, nomeadamente de seres humanos. Quando um mergulhador ou um caçador submarino se aproxima, ele vai ter com eles, e é assim que é, muitas vezes, o seu fim»””

Já nos últimos passos rumo ao final da conversa, ainda houve tempo para o Doutor Pedro Lino mencionar novamente o artigo publicado, anteriormente, no PortugalSub e sumarizar os seus desejos, relativamente à comunidade de Pesca Submarina, para o futuro.

Já agora quero dar os parabéns que o artigo está bastante bom, mesmo com a parte de entrevista e tudo, gostei bastante de ler e pronto espero que isto se resolva, este equívoco, e que possa contar com a comunidade de Caça Submarina.

Com estas palavras, o breve diálogo com o Doutor Pedro Lino foi encerrado, tendo o PortugalSub, mais uma vez, agradecido a disponibilidade na participação desta conversa em jeito de entrevista.

Entretanto, durante a redacção deste artigo, a Associação Portuguesa de Pesca Submarina e Apneia (APPSA) publicou nos seus suportes de comunicação (Facebook e página oficial), ontem dia 8 de Dezembro, a carta mencionada neste artigo pelo Doutor Pedro Lino: Carta aberta do Investigador Pedro Lino ao Presidente da APPSA

PortugalSub quer aproveitar esta oportunidade para desejar que a libertação dos 50 meros que ainda estão por libertar, assim que o estado do tempo o permita, ocorra com todo o sucesso que este tipo de acções, em prol da sustentabilidade das espécies, merece.

Fotografia: Pedro Lino com um dos mergulhadores. Foto: Ana Madeira

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